CARTAS PARA ALICE
Carta 48
Alice, e se eu te fizesse uma
proposta...
Uma proposta indecente,
indecorosa e despudorada, você aceitaria?
Você pensaria em minha proposta
que talvez fosse a mais inocente e mais ardente que você tivesse recebido em
sua vida? Você aceitaria?
Ao menos você pensaria com
carinho, e se assim não fosse com aquele seu olhar impudico, que me arrepia os
ossos e ruboriza as minhas faces, aceitando-a?
Eu quero lhe propor algo nunca
antes por ti vivido, e que depois tudo possa ser diferente, pra ti, pra mim,
para nós.
Você aceitaria?
Sabes de minha timidez, e se
assim não fosse não proporia nada, a arrebataria em meus braços e com um beijo
tresloucado não a deixaria dizer uma só palavra, nem sim, nem não e nem nada, e
dos beijos calientes e abraços apertados, nossas mãos se escorregando em nossos
corpos e não diria nada também, e não proporia coisa alguma , porque seria
ousado em tudo, e não a deixaria pensar, apenas viver tal momento único, e
depois vários únicos se repetiriam, mas como sou assim, quero lhe propor, algo
com pudor e com amor, e depois nos percamos no infinito de tudo o que os
amantes são capazes.
Eu lhe proponho nos amarmos sem
relógio, sem lugar, sem nada, com a música que você quiser, na altura que você
quiser, mas do jeito que eu quero.
Eu te proponho nos amarmos sem
medo, que comece tarde e termine cedo, ou que comece agora e não termine nunca,
e que eu possa ouvir seus sussurros ou seus gritos ou seu silêncio quantas vezes
forem necessários, e depois começar tudo de novo, até que nossos corpos não se
movam mais um sobre o outro.
Que seja em qualquer lugar e de
preferência depois de pegarmos uma estrada sem destino, ou que o destino seja o
nosso, o meu, o seu e o do tempo, que possamos ir em frente, felizes,
sorridentes, e pararmos de repente, numa ponte, em frente ao mar ou da montanha,
onde possamos verdadeiramente nos amar.
Que haja uma lareira e que o
vinho nos esquente e que nossos corpos se esquentem e que não esfrie até quem
sabe, precisarmos dormir um enrolado no outro, ouvindo o mar, o vento ou sei lá
o que nos faça acreditar que tudo o que existe sirva para brindar o nosso amor,
e que ele seja belo e robusto.
Eu te proponho Alice, não nos
preocuparmos com o amanhã, porque amanhã será o hoje do depois e depois de tudo
eu vou querer você novamente, porque não consigo ficar mais longe de ti e de
teus afagos, da sua boca e de tudo o que vem de você.
Que eu possa te despir beijando o
seu corpo e te vestir beijando-o novamente e tudo de acordo com o tempo, e que
possa sempre te aquecer e se preciso for depois nos esfriamos, juntos, sempre.
Eu te proponho Alice, não nos
separarmos até o próximo inverno, e depois até o próximo verão e assim vamos
viver sempre, de propostas em propostas e você sempre me dizendo sim.
Você aceita minha proposta Alice?
Chapeleiro Louco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário