CARTAS PARA ALICE
Carta 37
Bom dia Alice! Seja feliz mais
hoje!
Como se segura uma onda no mar
Alice?
Ela vem, beija nossos pés e
volta, às vezes nos abraça e nos laça.
Impossível segurar uma onda no
mar, não é?
Assim é o amor Alice, não
conseguimos impedi-lo de existir, de brotar em nosso peito.
Como se guarda a água da chuva
Alice?
Ela cai, molha os canteiros, os
jardins, o mundo inteiro.
Não se segura a água da chuva,
não é?
Assim é a saudade Alice, não
conseguimos controlar a lágrima de uma saudade.
Assim também é a vida, não
podemos controlar o tempo, o vento ou qualquer coisa que não seja alento, e
mesmo atento, nos perdemos em nossos amadurecimentos e não permitimos nos
beijar ao relento, mesmo que só por um momento.
Vamos permitir tudo Alice, que
nosso amor seja como a onda do mar, que ninguém possa segurar ou nos desviar,
nem mesmo nós, e nossas vozes de amor sejam fortes como a de um raio e um
trovão, que todos possam ouvir e ninguém possa responder.
Sejamos como a natureza Alice,
que nossos corpos se encontrem como uma raiz na terra, e o fruto do amor, seja
o fruto mais sadio e saboroso, não esses amores descartáveis que as pessoas são
usadas e jogadas fora depois que não servem mais, você não me é descartável,
para mim és uma raiz profunda e fecunda.
Sabe, as pessoas banalizaram o
amor, dizem que se amam, sem ao menos sentirem carinho, e o amor vira papel que
se queima e que o vento leva, e tudo o mais nada representa, e os momentos são
esquecidos e o amor não mais existe, e o que existe então?
Nada. Isso mesmo Alice, nada! Nem
rancor nem ressentimentos, porque tudo era descartável e todos os sentimentos
que com eles vinham também se descartaram e saem todos em busca de um novo,
novos rancores e novos falsos amores.
Mas conosco não é assim Alice!
Não vejo o mesmo olhar em outros olhares, sua voz em outras vozes, e nada que
existe em você eu vejo ou já vi em algum lugar ou alguém. Não quero outras
bocas, outros toques, outros beijos, outros nada que não sejam de você, porque
você não é descartável para mim.
Desejo ser como a onda do mar
Alice, ou o próprio mar, vir a seus pés, banhar-te às vezes calmo, às vezes
intrépido, indo e vindo, sempre para você.
Chapeleiro Louco.
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